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Como a espiritualidade agostiniana pode influenciar o Pontificado de Leão XIV 204j3e

Publicado em 26 maio 2025 - 14:53:21

           
Frei agostiniano, sacerdote que trabalhou em Ourinhos por muitos anos, escreve artigo sobre o novo papa, que desde a sua primeira aparição, se declarou agostiniano e filho de Santo Agostinho. 3m35u

 

Frei Calogero Carrubba, oad

 

A eleição do Cardeal Robert Francis Prevost, religioso agostiniano, como Sumo Pontífice, com o nome de Leão XIV, suscitou muito interesse para conhecer melhor a figura de Santo Agostinho, fundador da Ordem Agostiniana, pois desde a sua primeira aparição, o Papa se declarou agostiniano e filho de Santo Agostinho.

 

Papa Leão XIV

 

VIDA DE SANTO AGOSTINHO – Agostinho nasceu em Tagaste, Norte da África, aos 13 de novembro de 354 de Patrício, pagão, e de Mônica cristã fervorosa. Desde criança foi encaminhado nos estudos, antes em Tagaste, depois em Madaura e, enfim, em Cartago, centro importante da Província romana.

 

Santo Agostinho 675i13

 

Embora tivesse sido criado pela mãe como cristão, quando criança, não foi batizado e na sua juventude ou a seguir a seita dos maniqueus e a conduzir uma vida hedonista. Ligou-se estavelmente a uma jovem cartaginesa, com a qual teve um filho, Adeodato.

Formado professor de retórica, ensinou por um ano gramática na sua cidade natal, Tagaste, mudando-se o ano seguinte para Cartago, onde permaneceu por nove anos. Perturbado pelo comportamento indisciplinado dos alunos, mudou-se para Roma.

Mas também aqui teve uma grande decepção, pois os alunos, no momento de pagar o professor, fugiram, deixando-o sem dinheiro.

Agostinho tentou um concurso em Milão como professor de retórica, para servir na corte de Milão. Nesta cidade ele começou a frequentar a Igreja de Milão, atraído pela eloquência do Bispo Ambrósio, e iniciou a questionar-se a respeito da seita que frequentava

Em agosto de 386, depois de muita luta interior, inspirado pelos discursos e o exemplo de vida de Ambrósio, ele deu o o decisivo rumo à conversão ao catolicismo, que ele havia recebido desde criança de sua mãe Mônica, e aceitou ser batizado pelo bispo Ambrósio na vigília pascal de 387, junto com o filho Adeodato e outros amigos.

Depois do batismo, Agostinho quis voltar para a sua terra, em Tagaste, e durante a viagem a mãe Mônica veio a falecer em Hóstia, perto de Roma. Tendo voltado à casa paterna, ele almejou realizar seu antigo sonho de viver em comunidade com os amigos, na oração e no estudo da Palavra de Deus.

Mas o Senhor tinha seus projetos sobre o nosso Autor. Em 391, ele foi escolhido pelo Bispo de Hipona, Valério, como sacerdote seu colaborador, sendo ordenado depois de poucos meses. A partir daquele momento Agostinho se tornou um famoso pregador da Palavra dentro daquela diocese e fora dos seus limites.

Em 395 ele foi ordenado bispo coadjutor daquela diocese e logo em seguida assumiu a cátedra episcopal.

As obras que Agostinho deixou são muito numerosas. Entre elas podemos citar Confissões, A Cidade de Deus, Comentário sobre os salmos, Comentário sobre o Evangelho de João, O livre arbítrio, etc.

Agostinho veio a falecer aos 28 de agosto de 430, quando os vândalos invadiram a África romana e cercaram Hipona.

 

O QUE SIGNIFICA SER AGOSTINIANO? – O Santo Padre Leão XIV, logo na primeira aparição como Sumo Pontífice, se identificou como agostiniano, isto é, filho espiritual de Santo Agostinho, e como lema do seu Pontificado quis adotar uma expressão de Santo Agostinho, que já tinha escolhido como bispo: “In illo uno unum”, isto é, “embora nós cristãos sejamos muitos, no único Cristo, somos um” (Exposição sobre o salmo 127).

Também o brasão do Papa representa a imagem de um livro fechado sobre o qual repousa um coração transado por uma flecha. O livro representa a Palavra de Deus que deve ser objeto constante da leitura e da meditação do religioso.

No mesmo tempo, o estudo da Sagrada Escritura não pode ser estéril, mas deve ser transado pelo amor para com Deus e para com o próximo, simbolizado pelo coração transado pela flecha.

Portanto, ser agostiniano significa seguir o ensinamento e o exemplo do nosso Pai Santo Agostinho, dedicando-se em primeiro lugar ao estudo e à contemplação da Palavra de Deus e das verdades eternas, não esquecendo o amor concreto para com Deus e para o nosso próximo, que é o lugar onde Deus se manifesta concretamente (cfr. Mt. 25,31-46).

 

A ESPIRITUALIDADE AGOSTINIANA – Ela é fundada no exemplo e no ensinamento de Santo Agostinho. Por isso, os agostinianos se sentem chamados à santidade e tendem, com o auxílio da graça de Deus, alcançar a perfeição do amor evangélico, buscando comunitariamente a Deus.

Eles, cientes de serem criados à imagem e semelhança de Deus, em seu trabalho espiritual tendem a tornar nítida a sua imagem impressa na alma, porém ofuscada pelo pecado. Eles querem viver a densidade do mistério cristão, colocando o fundamento e a esperança em Cristo, imitando-o na alegria do cântico novo.

Dão prioridade à vida contemplativa, que reúne na interioridade diante da dispersão exterior. Ao mesmo tempo, a contemplação agostiniana propicia levar o próximo a Deus, mediante a prática dos valores cristãos. Nesse sentido, o apostolado agostiniano se insere na realidade viva da Igreja local e abre os corações dos religiosos para as dimensões da Igreja universal, que amam e servem com amor especial.

Vivem a vida fraterna em comunidade, morando na Casa religiosa, colocando tudo em comum e tendo um só coração e uma só alma orientados para Deus, segundo o modelo da primeira comunidade de Jerusalém.

Enfim, os Agostinianos contemplam em Maria a Mãe da Graça e dos fiéis, o modelo da vida consagrada e o modelo perfeito da Igreja. Eles veneram Maria com profundo afeto filial e com o peculiar título de “Mãe da Consolação” e a apresentam aos fiéis como sinal de esperança e de consolação do peregrinante povo de Deus.

 

COMO A ESPIRITUALIDADE AGOSTINIANA PODE INFLUENCIAR O PONTIFICADO DE LEÃO XIV? – A espiritualidade agostiniana está inserida no DNA do Papa Leão XIV, que desde jovem ingressou na Ordem de Santo Agostinho, percorrendo todas as etapas da sua formação religiosa, intelectual e espiritual.

Como religioso, desde jovem sacerdote, foi missionário no Peru, consciente do que afirma Santo Agostinho: “Se quiseres amar a Cristo, dilata a caridade ao mundo inteiro, pois no mundo inteiro estão espalhados os membros de Cristo” (In. Ep. Jo. 10,8).

Enquanto Frei Robert era missionário no Peru foi eleito pelo Capítulo geral Superior geral da Ordem, sendo confirmado por um segundo mandato. Depois de ter terminado a sua missão de serviço à Ordem, foi escolhido pelo Papa Francisco como Bispo da diocese de Chiclayo, no Peru, que se tornou a sua pátria de adoção.

Em terra peruana Mons. Prevost despendeu suas melhores energias de mente e de coração para ser pai e pastor do povo que lhe foi confiado. Este estilo paterno e pastoral é parte integrante do seu modo agostiniano de ser.

A respeito do estilo de Leão XIV, o Cardeal Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre, afirmou que “o Papa Leão XIV é um homem simples, atento, não busca os holofotes, mas olha nos olhos e escuta com o coração” (Entrevista à imprensa brasileira).

Leão XIV, já no primeiro discurso de bênção Urbi et Orbi declarou: “Sou agostiniano, um filho de Santo Agostinho que dizia: ‘Convosco sou cristão e para vós sou bispo’. Neste sentido, podemos caminhar todos juntos em direção à pátria que Deus nos preparou”.

Por isso, o Papa convidou todos os fiéis a serem uma Igreja missionária, uma Igreja que constrói pontes, que constrói diálogo, sempre aberta, como a Praça de São Pedro, para acolher a todos aqueles que precisam da nossa caridade, da nossa presença, de diálogo e de amor.

Podemos reparar como nestas poucas expressões estão traçadas as linhas mestras do Pontificado do Papa Leão XIV, na esteira do pensamento de Santo Agostinho, do legado do Papa Francisco e da tradição viva: Uma Igreja acolhedora, missionária, aberta ao diálogo, repleta de amor para com todos, formando na diversidade de seus membros o único Corpo de Cristo.

Os religiosos agostinianos Descalços, fiéis ao seu carisma, alicerçado no exemplo e nos ensinamentos de Santo Agostinho, sentem impelente a necessidade de serem irmãos do povo de Deus que lhes foi confiado, caminhando junto com ele, sustentando-o com a palavra e o exemplo neste caminho rumo à pátria definitiva.

 

Frei Calogero Carrubba, da Ordem dos Agostinianos Descalços, que exerceu o sacerdócio por muitos anos em Ourinhos 444n16

 

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2025-05/papa-leao-xiv-publicados-brasao-e-lema.html

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